Outro dia, em uma situação de sala de aula, na
escola onde atuo, me deparei com a questão sobre permitir ou não o uso da
borracha pelas crianças. Confesso que, embora tenha minhas convicções acerca do
erro como forma de aprendizado, e da borracha como um recurso que se tem para
refazer algo que não saiu como se gostaria na escrita/desenho, me empenhei em
buscar em leituras, referenciais que me apontassem o caminho a seguir. E numa
frase de Henry Ford, empreendedor estadunidense, fundador da Ford Motor Company, que diz: “o
insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência”,
penso que, sim, a borracha simboliza um repensar e fazer melhor do que da
primeira vez. É certo que para tudo há de se ponderar e verificar a relevância
de sua utilização, se o uso é muito recorrente, se é apenas uma experimentação,
mas de certa forma, poderá ser considerado sempre como um motivo para refletir
sobre o ato em si, que deve ser apagado. O que significa o apagar? Um pedido
de desculpas, uma tentativa de refazer algo que não ficou tão bom, um ato de
humildade reconhecendo que falhou, desejo de fazer melhor? Enfim, o que se
pensa, de maneira mais ampla, o simbolismo do ato de apagar. Acredito, ser
muito importante para as crianças compreenderem que eles podem e vão errar, mas
que isso não será o fim do mundo, porque eles podem, a partir de seus erros,
aprender e tentar outra vez, e que nem por isso, serão fracassados. A
consciência de que pode acontecer os erros, e que muitos podem ser consertados,
refeitos, podem transmitir não somente o entendimento de que somos frágeis e
errantes por natureza, como também, podem despertar a autoconfiança, a
segurança de agir sem medo do erro.
De tal forma, que concordo com a pedagoga Carla
Martins, diretora do Centro Municipal de Educação Infantil Borda Viva, São José
dos Pinhais PR, que ao ser questionada a respeito do uso da borracha ou sobre o
erro, afirma: “Acredito que o foco da reflexão não deveria estar no abolir a borracha
e sim no uso inadequado da mesma. Se a função é punitiva, intimidadora e
desvaloriza o processo de construção de conhecimento do aluno até o ‘acerto’,
há uma concepção onde o erro não é considerado como momento de retomada e parte
do processo. Assim sendo, muito mais importante do que jogar a borracha fora,
seria trabalharmos, alicerçados à luz de estudos teóricos e pesquisas, na
mudança desse paradigma errôneo.” Ela assenta seu entendimento na visão
sócio-histórica de aprendizagem que enfatiza o aprender e, consequentemente, o
desenvolvimento como um conjunto de interações em que não se consegue ensinar.
Contudo, o tema que abordo aqui é algo muito
provocativo e nos incita a questionar, e para dar continuidade neste propósito,
menciono, na íntegra, o texto da Rescola, escrito por Caroline Bücker a
respeito da importância no erro para a
aprendizagem.
(Texto escrito por: Lisiane Negreiros)
A IMPORTÂNCIA DO ERRO NO APRENDIZADO
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