terça-feira, 13 de agosto de 2019

BLOGGER, PORQUE NÃO TE QUERER BEM!

No início do curso de Pedagogia da UFRGS tínhamos,  entre outras propostas, elaborar uma postagem por semana para alimentar o blogger. A tarefa naquela época era árdua porque não tinha o hábito da escrita e não possuía o discernimento do que era tal ferramenta. Outro sim, cabe dizer que não era uma escrita qualquer, mas que esta trouxesse relação  entre o que estudávamos com a prática em sala de aula.  Digo que não era fácil, pois ainda não tinha amadurecimento para fazer essa união. Hoje revisitando vejo quão simplória e  ausentes   de uma maturidade na escrita, contudo não era o blogger em si que sacrificava, mas o escasso hábito da leitura, por consequência, a dificuldade de ler, interpretar e casar com as experiências da escola. 

 O tempo foi passando e as dificuldades diminuindo, ao ponto de maturar a ideia de que escrevia algo para alguém, logo tinha que ter a preocupação, ao escrever, de me colocar no lugar do leitor. A primeira necessidade aplacada foi aumentar as leituras, refletindo numa  melhor escrita e  na diminuição quanto  a insegurança ao defender ideias (leituras possibilitam riquezas nas argumentações). Não afirmo que o  conjunto elencados acima me tornou eximia na escrita, pelo contrário, ganhei consciência que tenho muito para amadurecer. 

Hoje desenvolvi o prazer pela escrita e percebi o quão ela é organizadora dos pensamentos, nos traz reflexão acerca de nossas concepções, em especial, quando retomamos em assuntos escritos em tempos passados. Nos possibilita registros sobre as ideias de algo que naquela momento nos parecia uma opinião assertiva. Na escrita temos a oportunidade de reparar os erros, reforçar entendimentos e de nos  comunicarmos sem o contato físico com o outro. Algo que comecei detestando, hoje é a menina dos meus olhos no tange meus conhecimentos, reflexões e mantém viva a sede pelo escrever e pesquisar os saberes. Lendo, relendo, deixando descansar o texto, reformulando, avaliando a escrita com questionamentos interessantes e com fundamentação anexadas.

GLOBALIZAÇÃO PARA TODOS


Na  postagem https://portfoliolisianenegreiros.blogspot.com/2017/01/ensino-globalizado.html menciono a importância do ensino ser globalizado, existência de uma política integrada, reformas educacionais coerentes e a participação da  sociedade como um todo. Quando menciono a participação da sociedade digo em âmbito geral, pois nesse primeiro texto deixei de mencionar a necessidade de termos  políticas proativas para os portadores de necessidades especiais. Não basta que essa  globalização contemple tal categoria, mas necessário que todos os envolvidos estejam capacitados pra um só resultado: CONSTRUÇÃO DO SABER! E o trabalho desenvolvido de acordo com os pressupostos de que o conhecimento é construído de maneira compartilhada, cooperativa entre os sujeitos  que compõem o universo.

Digo isso porque a  educação especial, embora tenhamos leis que abordam diversas necessidades, ainda carece de mais aprofundamentos quando falamos em globalização.  Observo no cotidiano escolar uma lacuna entre escola, profissionais e família desses alunos. Na maioria das vezes eles nos chegam sem laudo – a ausência do documento não significa impedimento de receber assistência adequada, porém toda informação clinica será bem vinda para facilitar  o trabalho do professor. Há casos que trabalhamos por hipóteses, sem ter conhecimento do grau de deficiência do aluno. Esse é um ponto, outro que gostaria de apontar é a falta de recursos ou salas adequadas para que tenhamos suporte de apoio, tanto para o educando, educador e familiares. 

Para exemplificar melhor a escrita suscito a questão dos surdos e mudos. No dia a dia sem domínio de uma linguagem apropriada para ser comunicarem, acabam criando dialetos entre o grupo social que frequentam ou até mesmo entre a família, esta por sua vez não possui domínio de libras, logo criando um código de mimicas. Quando esse aluno chega à escola se depara com outra forma de comunicação, logo a confusão e a dificuldade estar  implantada – duas formas de expressar paralelas (o da família e o da escola). Nessa vertente percebo que é a maior dificuldade, como professora, é contornar esse problema que já flui de forma cultural para esse aluno e sua família. Dessa forma, quando falamos em globalização de ensino devemos pensar, primeiramente, não no sentido macro, mas sobretudo na raiz da palavra , ou seja, num processo que ocasione uma integração, ou ligação estreita entre familia, educadores, educando, políticas públicas ativas e a sociedade apta a receber tal público.

Independente das dificuldades acima apontadas, devemos ser criativos e reflexivos em nossa conduta para proporcionar ações educativas que tenham sentido para os alunos especiais – interação social, afetividade e o acolhimento são fatores fundamentais para o sucesso da aprendizagem, nesse sentido estaremos ofertando estímulos e evitando apatia e desmotivação algo comum nas salas de aula, devido as dificuldades que esse grupo tem em  socializar. 


domingo, 11 de agosto de 2019

CALIGRAFIA - ALGUNS CRITÉRIOS

Embora tenha avançado nos estudos e amadurecido nas escritas, ainda mantenho algumas convicções porque vejo que para haver certos procedimentos na educação deve haver obediência em alguns critérios. Nessa posição trago a escrita Caderno de Caligrafia, onde de inicio suscitei a necessidade ou não desse recurso,  https://portfoliolisianenegreiros.blogspot.com/2018/04/caderno-de-caligrafia.html

Assim realizei novas leituras e conversei com pais e professores do ensino fundamental, onde todos sinalizaram a favor do uso da caligrafia. Contudo não trouxeram a tona alguns apontamentos que vejo necessário para o uso de tal recurso para que tenha significado e motivador para o educando. 

Primeiro a questão do belo (letra bonita) tal justificativa impõe sem respeitar a subjetividade do que é de fato "belo". O que é belo para o professor? Para ele, educador, ou para a criança? Temos que cuidar em não impor para as crianças os padrões dos adultos. Segundo, é comum tal proposta ter cunho punitivo ou moral, mesmo sutil, mas temos antes de tudo chamar pela nossa  consciência a necessidade dessa escrita para o aluno. 

Passado esse momento partimos para a  terceira fase que é observar o amadurecimento do processo psicomotor (tônus muscular/pressão do lápis), a criança deve ter superado a fase da alfabetização, para então regularizar a dimensão da letra  e aos poucos  conquistar agilidade na escrita. Notificado esses preceitos a caligrafia pode ser uma ferramenta para o auxílio educacional e prazerosa para o aluno avançar nos estudos, como: letra legível, escrita compreensiva, facilitando seus estudos e melhora nos rendimentos escolares.

sábado, 3 de agosto de 2019

OUVINDO ALICE


Vamos refletir foi uma escrita elaborada com o objetivo de trazer reflexões sobre o saber ouvir as crianças, sem impor nossa linguagem que julgamos corretas  do mundo dos adultos. O ouvir desacelerado, saber perguntar e ouvir as respostas proporciona ao aluno descobrir, formular hipóteses contextualizadas e completa.

Ao assistirmos o vídeo intitulado Filosofia da Educação - Complexidade e Interdisciplinaridade (2/2) do antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin, https://youtu.be/QyVw29eczIo, podemos fazer uma analogia para a importância de  saber ouvir a criança, conseguiremos entender os caminhos que elas percorrem para elaborar seu conhecimento/sentimentos, logo elaborando um raciocínio organizado, sequenciado e complexo, este último, no sentido de relacionamento entre si. 

Quando exercemos a escuta com nossos alunos, estamos disponibilizando o surgimento de algo novo para ambos, em especial para a criança que sentirá compreendida. Esse saber escutar a criança vai trazer qualidade para a relação entre professor e aluno, possibilitando descobrir a individualidade de cada um e como podemos elaborar o caminho prazeroso para o seu  conhecimento.

Como exemplo da importância dessa comunicação, ou o que ela (criança) tenta nos dizer,  trago a história de uma aluna chamada Alice de um ano e meio. Alice falava pouco até meados do ano. De repente começou a falar somente uma frase repetidas vezes durante o sua estádia na escola, mas isso, geralmente, acontecia nos primeiros dias da semana. Ao mesmo tempo que pronunciava a frase, que de inicio era incompreendida por nós, seus olhinhos enchiam de lágrimas e estendia  seus bracinhos  para o auto pedindo colo.  Começamos a observar sua fala e  o que queria nos dizer, até que conseguimos identificar duas palavras:  "papa" seguida da palavra "aga". 

Diante de tal apontamento indagamos a mãe se ela tinha conhecimento de tal atitude da filha. Para nossa surpresa a mesma afirmou que sim, nos contando o real significado da conduta da filha.

 - Profê, ela quer dizer: Papai água, assim que ela chama o pai dela em casa. Porque o pai dela trabalha de salva vidas.

 Ela nos disse que o pai da Alice é bombeiro e atua  na praia como salva vidas. Ao término da temporada de verão retornou para Porto Alegre onde trabalha de segunda a sexta,  voltando para casa somente nos finais de semana. 

Compreendemos que Alice chorava pela ausência do pai e que, geralmente, no inicio da semana essa saudade era mais intensificada, pois passava o final de semana em contato com seu progenitor. Assim, ao darmos ouvidos para o que Alice estava nos dizendo identificamos a real causa de sua dor, ao mesmo tempo que propomos a ter um olhar mais afetuoso para ela nesses dias.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

AVALIAR NÃO É UMA QUESTÃO SIMPLES!

Quando escrevi sobre o tema Avaliação na educação infantil, posicionei contrário sobre tal necessidade, pois os alunos estão em desenvolvimento, o que nesse caso poderia ocorrer falhas no apontamento do professor, pois este poderia deixar  de mencionar algo que pudesse passar despercebido na hora de avaliar, ou deixar de relatar algo que julgasse sem importância para si, mas para a criança foi um feito significativo. 

Hoje revejo meu posicionamento no sentido que a avaliação é uma ferramenta para auxiliar o processo educativo, mas não como uma forma de classificar ou rotular, ou seja, um ato flexível por parte de quem avalia, ao mesmo tempo que ao ler um parecer descritivo, por exemplo, esteja narrado de forma contundente para que alguém leia e consiga reconhecer na escrita aquela criança da qual está sendo descrita. 

Se por um lado a escrita deve ser fidedigna em relação ao aluno do qual estamos narrando, por outro elaborar essa escrita não parece tão fácil assim. Ao registramos algo em um documento estamos nos comprometendo a não constranger o aluno, o grupo social a que pertence ou questão familiar, assim ficamos, na prática, receosos de apontamos algo que seja desaprovado   ou sermos mal interpretados pelas familias desses educandos. Muitos pais negam atos ou fatos que seus filhos realizam na escola e a própria instituição tem receios de uma desaprovação. Percebo professores escrevendo suas avaliações e esta indo e vindo para fazer correções solicitadas pela equipe diretiva, ou seja, não há uma liberdade de escrita por parte dos educadores em averbar como de fato seu aluno produz, rejeita ou se omite no processo de aprendizagem, bem como os caminhos que o levam a produzir conhecimento.

Depois que escrevi o primeiro texto sobre Avaliação, comecei a ler sobre o tema que trazia sugestões, como avaliar? O que avaliar? E a importância de avaliar. A questão, nesse texto aqui, não é trazer averbações de teóricos, mas exemplificar na prática como é delicada a questão. E a conclusão, que por hora tenho, é um tema que carece de muito aprofundamento, debates entre os envolvidos no processo educacional e que ao avaliarmos, nós professores, tenhamos em mente que tal processo não deve ser algo definitivo, mas em construção e que esse apoio pedagógico serve para apontar falhas, sucessos, avanços e reflexão para todos - professores, alunos, pais e a instituição escolar.

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

SURDOS - ACOLHIMENTO PARA TODOS

Escrevendo sobre a experiência que tive com Saulo, o menino autista,https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6109726530448589034#editor/target=post;postID=6449349026192986506;onPublishedMenu=template;onClosedMenu=template;postNum=6;src=postn fiquei empolgada que desejei escrever sobre outro tema que é a questão dos surdos no cotidiano escolar, familiar e social.

Embora tenhamos leis - bem elaboradas,  que abordam diversas necessidades, ainda carecemos de mais aprofundamentos quando falamos em colocá-las em prática. Observo no cotidiano escolar uma lacuna entre escola, profissionais e familiares desses alunos surdos. Na maioria das vezes eles chegam sem laudo – a ausência do documento não significa impedimento de receber assistência adequada, porém toda informação clinica será bem vinda para facilitar  o trabalho do professor. Há casos que trabalhamos por hipóteses, sem termo conhecimento do grau da surdez do aluno. Esse é um ponto, outro que gostaria de apontar é a falta de recursos ou salas adequadas para que tenhamos suporte de apoio, tanto para o educando, educador e familiares. 

Independente das dificuldades acima apontadas, devemos ser criativos e reflexivos em nossa conduta para proporcionar ações educativas que tenham sentido para os alunos surdos e os não surdos – interação social, afetividade e o acolhimento são fatores fundamentais para o sucesso da aprendizagem, nesse sentido estaremos ofertando estímulos e evitando apatia e desmotivação algo comum nas salas de aula, devido as dificuldades que esse grupo tem em conhecer libras e a língua portuguesa. 

No dia a dia sem domínio de uma linguagem apropriada para ser comunicarem, acabam criando dialetos entre o grupo social que frequentam ou até mesmo entre a família, esta por sua vez não possui domínio de libras, logo criando um código de mimicas. Quando esse aluno chega à escola de depara com outra forma de comunicação, logo a confusão e a dificuldade estar  implantada – duas formas de expressar paralelas (o da família e o da escola). Nessa vertente percebo que é a maior dificuldade, como professora, contornar algo que  já é cultural para esse aluno e sua família. Por isso defendo a ideia que o trabalho pedagógico deve ser estendidos aos familiares desses educandos, como forma de realizar algo em conjunto e conscientizar todos no processo educacional que a união traz a força.

SAULO

 Retomando a leitura do textohttps://portfoliolisianenegreiros.blogspot.com/2017/11/inclusao-escolar-e-autismo.html   nos possibilitou uma nova  reflexão sobre o tema, do qual afirmo que é possível mudarmos nosso viés de tudo o que nos foi ensinado calcados em tempos remotos, desde que, tenhamos motivação para ir em busca do saber com a finalidade de derrubar tabus de nós educadores sem nenhuma base cientifica, apenas pela dedução do preconceito.Assim trago um relato real de uma experiência  com um aluno especial, onde as dificuldades não foram obstáculos para desenvolver um bom trabalho entre nós. 

A história  que trago não possui um padrão técnico, pois antes mesmo de começar o relato penso que se faz necessário falar sobre minha experiência com alunos especiais, ou seja, tenho 5 anos que trabalho na educação infantil e nesse período tive oportunidade de acompanhar dois alunos, um com síndrome de Down e o segundo autista. Irei me ater ao segundo caso por se tratar de um grau de autismo elevado, exigindo muita sensibilidade, observação e reflexão perante esse aluno.

 Saulo , chegou em nossa escola com 3 anos de idade e com comportamento de um bebê de 1 ano. Passava os dias dentro de um carrinho de nenê por toda parte da escola. Quando não estava chorando, estava dormindo. Para controlar sua fúria, a família trazia na mochila de Saulo guloseimas das mais variadas espécies, assim todos tinham a certeza que o aluno iria passar o dia na escola sem criar “problemas”. Por onde passava, via Saulo dentro daquele carrinho e isolado da turma, entre outras cenas, essa me incomodava muito, pois me questionava em silencio se era inclusão ou um isolamento social velado?

Com o tempo me tornei professora auxiliar de Saulo, assim pudemos  observar, refletir sobre suas crises severas e choro quando contrariado. Com cautela descobrir que a mãe o medicava de acordo com sua conveniência, além de domesticá-lo com doces. A essa altura dos acontecimentos Saulo não podia mais entrar no refeitório que avançava em que estava comendo ou tentava invadir a cozinha a qualquer preço. A comida era seu refúgio. Como não tenho experiência na área de AAE e sem respaldo de profissionais capacitados fui agindo conforme minha intuição e o que observava em seu comportamento. O primeiro passo foi identificar em Saulo o que era uma crise de uma birra. Partindo desse pressuposto fui criando estratégias para evitar o que lhe desestabilizava. De inicio, como a medicação dele não era ministrada corretamente pela família, parte dessa irritabilidade poderia ser sono ou remédios que alteravam seu comportamento, diante do primeiro ponto levantado, disponibilizei um colchonete dentro da sala de aula, num canto mais reservado da turma, para poder ser acomodar no momento que julgasse necessário. Passado duas semanas começamos notar uma mudança no comportamento de  Saulo, desde a sua chegada na sala de aula. Tinha dias que ia junto para turma, outros ia direto para seu canto. Ficava certo tempo, vinha para o grupo e retornava para seu colchão. Percebi que essa liberdade o deixava sereno e seguro para se afastar do grupo quando se sentisse incomodado. O segundo momento com Saulo foi trabalhar o  acesso ao refeitório, a geladeira e a cozinha da escola. Começamos a ser mais firmes em nossas palavras, e demonstrar que tínhamos o horário certo para nos alimentar, em conjunto, tivemos a preocupação de leva-lo ao refeitório em momentos mais silenciosos para que pudesse apreciar o alimento de forma calma e sem os sons que tanto o irritava.

Chegamos ao terceiro momento e já no final do ano letivo com Saulo indo, sorridente, para sua rede instalada no pátio da escola. Lá ele ficava horas contemplando as nuvens, o céu, o sol... ou algo mais que ele demonstrava em seu semblante. Quando desejava ir até o grupo levantava da rede e ia ao encontro dos amigos, andava entre eles, pegava algum objeto contemplava e retornava a sua rede. Ao final, quando algo não se sentia bem, ia por conta própria para sua rede ou nos sinalizava que queria retornar para a sala de aula.

Esse é um relato de como a reflexão e a sensibilidade pode nos ofertar recursos, mesmo sem apoio de um profissional capacitado, perante um aluno especial. A falta de recurso não é uma excludente para negar a socialização dos mesmos. A vida de Saulo progrediu muito depois que teve a oportunidade de conviver  em grupo e ter direitos e limites respeitados.