segunda-feira, 17 de julho de 2017

NOSSO PRIMEIRO CONSELHO DE CLASSE

Com o intuito de finalizar o Projeto Bicho Cabeludo, elaboramos, em conjunto, com a  professora Dircilene Verdun, o nosso primeiro miniconselho de classe, tendo como objetivo avaliar o que alcançamos e pontuar o que pode ser melhorado para os nossos próximos projetos. Quando o  Conselho foi sugerido pela professora Dircilene, achei uma excelente oportunidade para ouvirmos nossos alunos, bem como para nós, professoras, refletirmos sobre nossa conduta e participação.


ATIVIDADE:  PRIMEIRO MINICONSELHO DE CLASSE PARTICIPATIVO - PRÉ I A
O QUE É?
O miniconselho de classe é uma reunião avaliativa em que as crianças envolvidas no processo de aprendizagem discutem assuntos pertinentes ao que estão aprendendo, como as crianças percebem as ações das educadoras, os resultados das estratégias de ensino empregadas, a adequação das situações de aprendizagem e outros aspectos referentes a esse processo, a fim de avaliá-lo coletivamente, mediante diversos pontos de vista. Ocorre de maneira informal, através de uma conversa coletiva em que todos podem opinar e contribuir com sugestões.
QUEM PARTICIPA?
Crianças e educadoras da sala.
QUAL O OBJETIVO?
Compartilhar informações sobre como as crianças percebem a aprendizagem e como eles avaliam as situações em sala de aula, expressar o que pensam em relação ao que está sendo transmitido e assim, embasar a tomada de decisões para a melhoria do processo ensino-aprendizagem por parte dos educadores. Também:
-  Viabiliza avaliações mais completas sobre a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças;
 Facilita a compreensão dos fatos com a exposição de diversos pontos de vista;
-  Permite a avaliação da eficácia dos métodos utilizados;
-  Possibilita a análise do currículo;
-  Promove a troca de ideias para tomada de decisões rumo à melhoria do processo ensino-aprendizagem;
-  Favorece a integração entre professores e crianças.
COMO PLANEJAR?
Preparar a pauta da reunião listando os itens que precisam ser comentados e discutidos. Todos os participantes devem ter direito à palavra para enriquecer o diagnóstico dos problemas, suas causas e soluções.
O QUE ESPERAR?
Chegar a um consenso da equipe em relação:
-  Às avaliações de desenvolvimento das crianças, considerando as singularidades de comportamentos, aprendizagens e histórias de vida de cada um;
-  Às intervenções necessárias para melhorar o processo ensino-aprendizagem das crianças, individualmente.
RESULTADO:
 -  Promover uma visão mais correta, adequada e abrangente do papel da avaliação no processo ensino-aprendizagem;
 Valorizar a observação do progresso individual das crianças aula a aula, bem como seu comportamento cognitivo, afetivo e social durante as aulas;
 Reconhecer o valor da história de vida das crianças, tanto no que se refere a seu passado distante quanto próximo (período a ser avaliado);
 Incentivar a autoanálise e auto avaliação das educadoras;
 Prever mudanças tanto na prática diária de cada educador como também no currículo e na dinâmica escolar, sempre que necessário;
 Traçar metas para que as mudanças sugeridas sejam efetivamente realizadas.

A princípio estávamos programadas  para  realizar esse diálogo nessa segunda-feira (17/07/2017), porém o tempo não contribuiu e a presença de poucos alunos nos impossibilitou de realizarmos. Continuamos na expectativa,  tão longo, de reunir um número expressivo de alunos para fazer o fechamento e contar como foi essa nova experiência.

AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

PORQUE O AVALIAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL PARECE UMA TAREFA TÃO DIFÍCIL?
“ Professor nenhum é dono de sua prática se não tem em mãos, a reflexão sobre a mesma. Não existe ato de reflexão, que não nos leve a constatações, dúvidas e descobertas e, portanto, que não nos leve a transformar algo em nós, nos outros e no mundo”. Madalena Freire
A utilização dos projetos de aprendizagens na educação infantil, com uma metodologia voltada para os questionamentos e desejos de investigações que surgem a partir da voz das crianças pequenas, me fizeram refletir sobre o porquê de ser tão difícil o momento da avaliação.
Compreendi que a avaliação na educação infantil, muitas vezes não se trata de medir os conhecimentos das crianças, tampouco, descrever de forma subjetiva um texto que dê conta do que a criança consegue ou não fazer, mas sim, pode ser o início de novas descobertas, de encontro com as necessidades dos educandos, e principalmente do educador poder se autoconhecer em sua prática e verificar se tudo o que está planejando e executando está de acordo com o que a criança precisa conhecer e perceber do mundo a sua volta. É preciso que a avaliação se inicie, sim, pela prática do educador, e então, percebo que é neste momento que encontramos as primeiras pedras no caminho.
É verdade que a avaliação, propriamente dita, baseia-se no acompanhamento, observação e registros que se deve fazer da criança, sobre seu desenvolvimento ao longo dos períodos estipulados para o fechamento avaliativo, entretanto, há de se pensar que também deve ser, um momento reflexivo e análise da prática educativa, a fim de perceber
o que pretendíamos, o que obtivemos de fato, e o que precisamos buscar efetivamente, para atingir os objetivos.
Se por um lado, a avaliação pode nos fazer conhecer melhor a nossa criança, suas habilidades e suas deficiências, por outro, pode ser o caminho para a percepção da prática educativa para apontar modos de aprimorá-la. É evidente que cabe ao educador, um olhar cauteloso e reflexivo sobre o crescimento de cada criança, a percebendo em sua individualidade, com suas limitações e suas habilidades, enfatizando suas qualidades e o quanto tem se desenvolvido no passar dos dias. Conforme, Hilda Micarello, diz que:
Avaliar é o exercício de um olhar sensível e cuidadoso ao outro, dito de outro modo, é a parte do exercício de “amorosidade” que o ato educativo encerra e do qual nos fala o mestre Paulo Freire (MICARELLO, 2010, p. 2, grifos do autor).
Por isso a frase de Madalena Freire, citada anteriormente, nos revela que a avaliação de uma criança, deve perpassar pela a avaliação da prática do educador, para que ao analisar os ganhos e as perdas, possa se estabelecer parâmetros para estimar o envolvimento da criança com o seu exercício educativo e assim, traçar uma trajetória de suas descobertas e aprendizados, seus crescimentos e suas dificuldades, situando uma linha evolutiva da criança, apontando suas ações no passado e como tem se expressado no momento atual.
Conquanto seja difícil elaborar uma avaliação que seja realmente assertiva da criança, as contribuições dos registros e anotações de falas, expressões e ações do cotidiano da criança em seu espaço no ambiente escolar, podem ser a chave e o caminho mais seguro, para uma avaliação mais concisa e de acordo com o ideário de uma avaliação efetiva na educação infantil, por refletirem acontecimentos conexos ao amadurecer de cada um.
No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (Brasil, 1998), em seu livro de introdução, o item “Observação, registro e avaliação formativa”, em conformidade com a legislação vigente, nos fala que a avaliação é: “[...] um conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre as condições de aprendizagens oferecidas e ajustar a sua prática às necessidades colocadas pela criança”. Ou seja, não se trata de questão classificatória, punitiva ou ainda promocional, que inevitavelmente se remete à avaliação. E o documento acrescenta que: “É um elemento indissociável do processo educativo que possibilita ao professor definir critérios para planejar as atividades e criar situações que gerem avanços na aprendizagem das crianças. Tem como função acompanhar, orientar, regular e redirecionar esse processo como um todo”. (Brasil, 1998, v. 1, p.59)
Definindo o que se espera ser a avaliação na educação infantil, observa-se que a parte mais dificultosa desta ação é para muitos, a auto avaliação do próprio educador sobre sua prática, e como isso se relaciona com o desenvolvimento das crianças, de maneira coletiva e mesmo individual, porque o olhar o outro, o criticar o outro, ver o que se tem que melhorar no outro, são severamente mais fáceis de serem apontados, mas o olhar-se no espelho da verdade, é que é tarefa difícil. Ainda que, neste texto busque refletir sobre as dificuldades de se fazer a avaliação na educação infantil, ainda temos outros questionamentos, que remetem a como apresentar tais explanações, como o portfólio, parecer descritivo, conceitos, enfim, mas isso são inquietações para uma nova reflexão.



Referências:

MICARELLO, H. Avaliação e transições na educação infantil. Portal MEC: 2010. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=&gid=6671&option=com_docman&task=doc_download. Acesso em: 01 out. 2013.
BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: SEF, 1998. 3.v

sábado, 8 de julho de 2017

VAMOS REFLETIR?

Refletindo essa semana sobre algumas cenas da escola, comecei a questionar se de fato estamos escutando nossos alunos. Se ao invés de escutá-los, não estamos afastando a sua linguagem com o intuito de trazer-los, nós adultos, para a nossa forma de falar e pensar como julgamos correta? Penso que esteja ocorrendo um não saber ouvir, não de forma intencional, mas devido a ansiedade instalada em todos os membros de nossa sociedade e  a escola também recebe tal revérbero, pois a mesma não encontra-se a margem da sociedade, sim, ambas ligadas uma a outra.

Em situações do cotidiano escolar, percebo um limite de fala do aluno para com o professor, em especial na hora da refeição e na roda onde sentam para falar sobre algo perguntado ou até mesmo para relatar sobre o seus finais de semana. Nessa  hora é  um bom momento para ser dar tempo para criança  falar e estimular diálogos entre todos, e  ao professor  ouvir, analisar as falas do alunos,bem como saber o momento, se necessário, expor sua posição de forma a não influenciar o grupo. Existe sim, uma conversa possível entre as gerações, em ensinamentos que surge da criança para o adulto - professor reflexivo.

Em busca de mais informações para tal questionamento fui em busca de leituras que propusesse mais saber, dentre tantos escolhi para nortear o tema o texto da Filosofa e Pedagoga Beatriz Antunes, cujo o título é Como podemos escutar uma criança de maneira sensível, sem trazê-la para o campo das ideias dos adultos? O referido trabalho nos traz a reflexão da importância de ouvir a criança e fortalecer a tese  que imaginava, a criança tem mais a dizer do que o nosso tradicionalismo escolar em apenas perguntar e não ofertando  tempo para ela se expressar. Não afirmo com isso que devemos perguntar aleatoriamente, mas criar condições para sentirem-se livres para dizer aquilo que ninguém poderia supor que elas diriam, ou seja, escutá-las sem preconceitos, apenas de não induzir respostas tão pouco provocar concordâncias, e sim de ouvir o que as crianças tem de fato para dizer.

Temos no cotidiano escolar oportunidades para atentar sobre o o tema, como nas linguagens, desenhos, brincadeiras, expressão corporal, além de saber perguntar, como também, ficar de canto observando e registrando o que elas fazem (Portfólios). Embora há discussões acerca das duas últimas afirmações, penso que todo meio utilizado deve vir permeado de bom senso, equidade e flexibilidade. Os meios para nos favorecer jamais deve ser de verdade única e imutável, mas acima de tudo observar e registrar de forma reflexiva para que  aquele registro seja útil e significativo para o educando.

Shhhiu: o que a sua criança está  pensando sobre esse texto?

quarta-feira, 5 de julho de 2017

E como vai o andamento do P.A. – Bicho Cabeludo?


Hoje, inicio meu texto com uma citação de Adriana Araujo Leal, que diz:

Gosto de borboletas. Fazem lembrar que na vida, tudo se transforma.
Para se transformarem em lindas e coloridas borboletas,
há um processo de metamorfose, é preciso tempo, paciência...
nada diferente de nossas vidas.
O que é belo demora, mas chega! Sempre chega!


É incrível acompanhar um projeto que partiu da curiosidade das crianças e por esta mesma curiosidade tem se sustentado por longos dias. Cada dia que passa é uma novidade, para este momento reservo o nascer das borboletas, a qual descrevo através de fotos e algumas legendas...






A observação nesse projeto, foi o nosso alicerce para as descobertas que se realizamos, cada dia, a cada nova etapa, tudo foi sendo vivenciado com muita atenção, curiosidade, contentamento com as novidades, desapontamentos pela longa espera, mas quando as primeiras borboletas começaram a nascer, o entusiasmo tomou conta, e com a observação começamos a fazer registros...       





           E assim, mostro um pouco desse caminhar por sobre o olhar atento da criança, que questiona, que critica, que percebe o mundo de uma maneira peculiar e sincera, naturalmente pesquisadora e investigativa, e assim, ela mesma procura suas respostas... e observa a tudo!
E finalizo, com uma canção da Palavra Cantada:

A Borboleta E A Lagarta
Palavra Cantada

Lá lá lá, lá, lá, lá vai uma lagarta
Tá tá tá tá sempre a mastigar
Nhac, nhac, nhac
Como está com fome
Come come come sem parar

Lá,lá,lá lá lá, lá, lá vai borboleta
Tá tá tá tá livre a voar
Flap, flap, flap
Cor de violeta
Uma flor voando pelo ar

Flap flap flap flap flap flap flap
Nhac, nhac, nhac, nhac

Será que a borboleta lembra que já foi lagarta?
Será que a lagarta sabe que um dia vai voar?

(Texto escrito por Lisiane Negreiros)



segunda-feira, 3 de julho de 2017

LIBERDADE PARA ESCOLHER - BENEFICIOS PARA O ESTUDO

 No penúltimo dia do mês de maio houve o encerramento da interdisciplina Psicologia na vida adulta. Foi um período curto que estudamos o tema, mas foi de grande valia  a leitura dos textos e os temas propostos pelos grupos, sendo que cada um pode escolher o assunto, que no geral foi atribuído as experiências vivenciadas pelos grupos ou por algum membro .

As apresentações foram  surpreendentes, objetivas e bem fundamentadas. Tivemos a presença de encenação do cotidiano, questionamentos, e momentos  que fomos tomados pela lágrimas. No final dançamos ao som de um forró para fecharmos a nossa noite com chave de ouro.

As abordagens trouxeram questionamentos do dia a dia, como estresse, ansiedade, carreira, familia, saúde e o mais delicado dos apontamentos: a velhice e suas nuances. Desse encerramento, com as abordagens dos meus colegas, refiz, pontuei, analisei   para a vida pessoal e ao sair e retornar para casa, certamente cheguei  com novas concepções. 

A troca de experiências  foi excelentemente proveitosa, mais uma prova cabal  que não há necessidade de debruçarmos em cima de livros infundados, textos fragmentados, provas, questionários.... e sucessivamente. A simples motivação da turma  foi a mola mestre para irmos em buscar do saber. A oportunidade de pesquisas e a liberdade de escolha nos temas foi fundamental para que todos nós apresentamos de forma motivada, espontânea e divertida.

 No meu caso estudei o tema Ludicidade na vida adulta, de forma muito natural e sem pressão para aprender, apenas com o intuito de aprimorar conhecimentos. Na medida que as leituras iam avançando mais descobertas iam acontecendo, melhor, pontuei que afetividade o conceito de transferência estão presentes tanto na vida infantil como na vida adulta.
(escrito por Lisiane Negreiros)

O USO DA BORRACHA

Outro dia, em uma situação de sala de aula, na escola onde atuo, me deparei com a questão sobre permitir ou não o uso da borracha pelas crianças. Confesso que, embora tenha minhas convicções acerca do erro como forma de aprendizado, e da borracha como um recurso que se tem para refazer algo que não saiu como se gostaria na escrita/desenho, me empenhei em buscar em leituras, referenciais que me apontassem o caminho a seguir. E numa frase de Henry Ford, empreendedor estadunidense, fundador da Ford Motor Company, que diz: “o insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência”, penso que, sim, a borracha simboliza um repensar e fazer melhor do que da primeira vez. É certo que para tudo há de se ponderar e verificar a relevância de sua utilização, se o uso é muito recorrente, se é apenas uma experimentação, mas de certa forma, poderá ser considerado sempre como um motivo para refletir sobre o ato em si, que deve ser apagado. O que significa o apagar? Um pedido de desculpas, uma tentativa de refazer algo que não ficou tão bom, um ato de humildade reconhecendo que falhou, desejo de fazer melhor? Enfim, o que se pensa, de maneira mais ampla, o simbolismo do ato de apagar. Acredito, ser muito importante para as crianças compreenderem que eles podem e vão errar, mas que isso não será o fim do mundo, porque eles podem, a partir de seus erros, aprender e tentar outra vez, e que nem por isso, serão fracassados. A consciência de que pode acontecer os erros, e que muitos podem ser consertados, refeitos, podem transmitir não somente o entendimento de que somos frágeis e errantes por natureza, como também, podem despertar a autoconfiança, a segurança de agir sem medo do erro. 
De tal forma, que concordo com a pedagoga Carla Martins, diretora do Centro Municipal de Educação Infantil Borda Viva, São José dos Pinhais PR, que ao ser questionada a respeito do uso da borracha ou sobre o erro, afirma: “Acredito que o foco da reflexão não deveria estar no abolir a borracha e sim no uso inadequado da mesma. Se a função é punitiva, intimidadora e desvaloriza o processo de construção de conhecimento do aluno até o ‘acerto’, há uma concepção onde o erro não é considerado como momento de retomada e parte do processo. Assim sendo, muito mais importante do que jogar a borracha fora, seria trabalharmos, alicerçados à luz de estudos teóricos e pesquisas, na mudança desse paradigma errôneo.” Ela assenta seu entendimento na visão sócio-histórica de aprendizagem que enfatiza o aprender e, consequentemente, o desenvolvimento como um conjunto de interações em que não se consegue ensinar.
Contudo, o tema que abordo aqui é algo muito provocativo e nos incita a questionar, e para dar continuidade neste propósito, menciono, na íntegra, o texto da Rescola, escrito por Caroline Bücker a respeito da importância no erro  para a aprendizagem.
(Texto escrito por: Lisiane Negreiros)

A IMPORTÂNCIA DO ERRO NO APRENDIZADO
CAROLINE BÜCKER 18 DE FEVEREIRO DE 2014  NOTÍCIAS 2 COMENTÁRIOS

sábado, 1 de julho de 2017

A IMPORTÂNCIA DE UM P.A. – PELO VIÉS DO CICLO DA LAGARTA

As aprendizagens realizadas na interdisciplina Projeto Pedagógico em Ação foram enriquecedoras a ponto de decidirmos participarmos da Formação docente e I Fórum Acadêmico Municipal - Escrevendo o futuro com as possibilidades na/para Educação,  com intuito de divulgar a importância do mesmo para  formação docente/discente e professores atuantes, bem como relatar as experiências vivenciadas com esse projeto. Abaixo, cito o resumo que foi enviado para essa amostra cientifica. O caminho percorrido até o presente momento corroborou para a meu desenvolvimento pessoal e profissional, portanto essa  primeira participação em um evento cientifico,  revela a minha satisfação com  as contribuições obtidas através das explanações  do curso de Pedagogia EAD (UFRGS), que de fato, inspiraram a minha prática e o melhoramento da ação educativa, além de encorajar-me à escrita cientifica dos relatos em sala de aula e autoconfiança para  expor o meu trabalho em âmbito público.

"Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses".
Rubem Alves

A IMPORTÂNCIA DE UM P.A. – PELO VIÉS DO CICLO DA LAGARTA
NEGREIROS, Lisiane dos Santos Werpachowski de.
EMEI Profº. Sadi Pipet de Oliveira
Graduanda de Pedagogia (UFRGS)
VERDUM, Dircilene.
EMEI Profº. Sadi Pipet de Oliveira
Especialista em Arte e Educação
O estudo de caso deste resumo medita sobre a importância dos projetos de aprendizagem, o P.A. na prática educativa, tendo como exemplo o projeto do Bicho Cabeludo, realizado em pré-escola, de 4 a 5 anos, numa escola de Educação Infantil, da rede pública municipal, da cidade de Torres/RS. O tema abordado justifica-se pelo fato das educadoras estarem constantemente envolvidas com uma prática educativa reflexiva que oportuniza a seus educandos, uma vivência mais crítica e investigativa. Objetiva-se contextualizar e valorizar a utilização de P.A. na educação infantil, como metodologia de trabalho educativo, voltado para organização e construção dos conhecimentos, a partir de questões de curiosidade das crianças, iniciando-se a pesquisa sobre suas certezas e dúvidas temporárias. No P.A., é o educando que aprende por método de investigação própria, tendo o professor o papel de mediador deste processo (Fagundes; Nevado; Basso; Bitencourt, 2006). O estudo de caso, de caráter exploratório, apresenta argumentos com a explanação do P.A. Bicho Cabeludo, que surgiu a partir dos questionamentos da turma, referências bibliográficas e estudo observatório do processo. Como a proposta da escola visa cultivar nas crianças a autonomia, a participação e a visão crítica na sociedade, percebe-se necessário desenvolver nos educandos esta prática investigativa, de maneira científica, naturalmente questionadora e divertida que as crianças têm e assim, dar voz aos pequenos. O projeto recebeu este nome por ser tratar de um questionamento levantado pelo grupo na hora do conto, após a leitura do livro Macaco Danado, da escritora Julia Donaldson Axel Scheffler, os educandos foram estimulados a levantar hipóteses sobre a história no macaco que perdeu a mãe na floresta e com a ajuda dos amigos animais a reencontra-la no final da narrativa. Observando os questionamentos e dúvidas das crianças, prevaleceu a pergunta: Por que bicho cabeludo queima? Uns afirmavam que não queimava, outros diziam que era só alguns bichos cabeludos que nos causavam queimaduras. Nesta investigação, visava: conhecer a lagarta e suas diferentes espécies; compreender a relação entre a criança e o habitat do animal; aprender a identificar suas características; entender seu processo de transformação; estimular a curiosidade sobre o animal; identificar cores, tamanhos e formatos; compreender o ciclo de vida da borboleta e da lagarta; aprender a respeitar o meio ambiente. E assim, aos poucos, foram elaboradas as respostas para as perguntas iniciais e originadas outras. Ainda conforme Fagundes (1999), enfatiza que tanto as dúvidas temporárias quanto as certezas provisórias são muito importantes nesse processo de P.A., pois propõem descobertas, caminhos de busca, organização e reorganização constante. Contudo, como resultados parciais, destacamos que o processo educacional só funciona quando a criança tem sede de conhecer, por isso que o P.A. é democrático. O papel da escola não é levar conhecimento ou cultura, mas criar condições para estimular o desejo/querer para aprender. O mais importante é a relação entre educador e educando, como respeito a subjetividade entre eles, e para isso tem que haver participação efetiva entre todos os envolvidos.

Palavras-Chave: Projeto de Aprendizagem; Curiosidade Infantil; Construção de conhecimentos.

PLANO POLÍTICO PEDAGÓGICO


Sou mais adepta da expressão Plano Político Pedagógico a Projeto  Político Pedagógico, pois todo projeto está contido dentro de um plano, confesso que muitas vezes ficava confusa quanto a expressão correta ou se havia diferenciação entre ambas. Deixando a margem esse pequeno apontamento vamos  falar de PPP  no bojo da concepção de gestão democrática incisivamente  estabelecido como emancipador e edificante, tendo como pressuposto o artigo 2º da LDB ao reunir três figuras importantes: pessoa, cidadania e trabalho, logo calcado num triple: 

Desenvolvimento pleno do aluno;
Desenvolvimento da cidadania;
Qualificação para o trabalho.

A LDB tentou abarcar o todo na formação educacional, pois praticamente a legislação convoca todos a participarem da elaboração de tal documento  assentando no principio da solidariedade no momento que todos executam e todos avaliam, além de instituir princípios de autonomia como financeiro, pedagógico e administrativo.  Em tratando de tais princípios faz-se necessários certos apontamentos quando falamos na questão financeira advinda de verbas governamentais não sendo tão dificultoso quanto a questão administrativa, esta exercida pela pessoa da diretora, coordenadora e orientadora, apenas na figura dessas profissionais,  portanto o resultado deixa muito a desejar em outras áreas, cujo o atendimento dessas profissionais se faz necessário, de fato compreensivo, pois não há funcionários para exercer função de administração escolar, deixando as referidas  integrantes da equipe sobrecarregadas em funções que outras pessoas poderiam exercer habilidosamente, ao passo que atendimentos ao público escolar fica deficitário. Praticamente a legislação convoca todos os membros da comunidade a elaborar o PPP dentro de uma concepção coletiva e democrática e deve ser construído em consonância com o artigo 2° da LDB, além do compromisso político de ofertar qualidade de educação para todos. 

Os escritos acima contribui para reflexões e questionamentos a cerca da construção do PPP da escola onde atuo, pois a escola teve suas origens marcadas pela filantropia e assistencialismo, na qual este documento constava apenas como uma  norma burocrática para funcionamento da escola, porém com carências de elaboração devido a falta de valoração do material pelo corpo administrativo, pedagógico  e da comunidade. Atualmente esta mesma escola  passou a pertencer a rede municipal, construindo uma nova escola, mantendo-se o corpo docente, a comunidade escolar e demais profissionais. A atual gestão que tomou posse meados de  março 2016, ainda está em processo dessa construção e elaboração da identidade da escola e efetivando um novo conceito educativo. Observo que a dificuldade em dar seguimento ao processo de construção do PPP encontra-se na questão de que a permanência no mesmo prédio, do mesmo corpo docente e da mesma comunidade,  ainda não foi absorvida  essa transição, estando ainda arraigados às premissas antigas, cabendo a nova equipe diretiva motivar e incentivar essa nova percepção e ressaltar a importância da construção desse novo documento. Esse processo tende a ser demorado em sua elaboração e aplicação pela falta de conscientização pela comunidade escolar como um todo, entretanto já está se evidenciando tentativas mais reflexivas em questão práticas do cotidiano, o que poderá, enfim, contribuir par uma elaboração do PPP  mais efetivo e de acordo com  realidade da escola.

(texto escrito por Lisiane dos S. W. de Negreiros)



PORQUE AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS?

PORQUE AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS?

A reflexão que se almeja propor neste texto, remete a uma questão que inquieta quando se pensa em educação de jovens e adultos, ainda mais se pensarmos que a aprendizagem deste grupo de educandos, é mais do que apenas ensinar ou transferir conhecimentos, mas também é uma construção de autonomia e mudança. O que se propõe aqui é conjecturar sobre a afetividade no ensino, sabendo-se que a educação de jovens e adultos passou a ser considerado importante no Brasil, com a finalidade de capacitar os jovens e adultos para o trabalho efetivamente, mas que também, consta no cenário educacional contemporâneo como uma possibilidade e alternativa para aquelas pessoas que por motivos distintos não puderam frequentar a escola regular.
A modalidade de ensino de que falamos, o EJA, consolidou-se a partir dos preceitos da LDB 9394/96, da Resolução CNE/CEB Nº 01/2000 e do parecer CNE/CEB Nº 11/2000, como sendo uma oportunidade educativa, ainda que diferenciada pelas particularidades dos educandos, que geralmente, são pessoas que devido as condições financeiras, dedicaram-se ao trabalho desde cedo, empregados e desempregados, moradores urbanos de periferias, favelas, vilas e zonas rurais. Embora, não pareçam, constituem-se como agentes sociais e culturais, que acabam sendo marginalizados na sociedade, e de certa forma, por não se enquadrarem socioeconomicamente e educacionalmente. São pessoas que depois de uma longa rotina de trabalho, se dirigem à escola desafiando o desânimo, cansaço, sono, e a evasão, para se sobressair à persistência em aprender e avançar nas etapas acadêmicas. Para tanto, o que poderia ser mais eficaz para a aprendizagem destes educandos do que a relação professor/educando, pois acredita-se que em muitos casos, a afetividade atribuída a prática educativa, surte como uma tática proveitosa que os conecta em sala de aula. E contemplando Paulo Freire, que vislumbrava uma educação democrática e libertadora, que partisse da realidade, da vivência dos educandos, cabe ao professor promover estas mediações que envolvam o conhecimento prévio que estas pessoas carregam na bagagem de vida e transformá-los em agentes produtivos de conhecimento e cultura.
Nesse contexto, a educação de jovens e adultos, necessita de professores que envolvam os educandos para a prática das atividades educativas planejadas com entusiasmo, vontade, e os mostrem que são capazes de aprender. Por isso, as discussões e ideias de Paulo Freire, Moacyr Gaddoti, dentre outros autores que abordam o tema sobre a educação de jovens e adultos, são tão relevantes quando se trata da importância da afetividade na relação entre professor/educando, suscitando muitas indagações sobre uma prática pedagógica voltada para jovens e adultos que esteja alicerçada na afetividade e que demonstre resultados efetivos, ou seja, que o professor seja igualmente capaz, de encontrar meios de motivar os educandos para a sua pratica educativa, por meio de diálogos, momentos reflexivos e dinâmicos que visem uma interação mais intimista e um olhar do professor mais voltado para as reais necessidades do educando.
Nas palavras de Paulo Freire, “[...] ninguém é analfabeto porque quer, mas como consequência das condições de onde vive” (FREIRE, 1986). Entretanto, independente das causas que precedem a evasão destes educandos da escola, a modalidade de educação de jovens e adultos, tenta reestabelecer os direitos e a busca pela superação das injustiças sociais, através da reconquista da identidade cultural, elevação da autoestima e, sobretudo, tornando-os sujeitos das próprias aprendizagens. Por isso defende-se e instiga-se que o professor seja, ou atue como mediador, ressaltando algumas das atribuições, tais como: ouvir, entender, incentivar a não desistir dos estudos, orientar, atribuir-lhes valor dentro do processo de aprendizagem, dentre outras. Mas como tudo tem um outro lado, há de se compreender que para se obter o que descrevemos anteriormente, teremos que contar com requisitos e atribuições de um professor que seja aberto para conversar, que transmita confiança e que, especialmente, seja reflexivo e incentive os educandos a se sentirem parte do processo, desenvolvendo, de tal forma, as atividades com alegria, bom humor e segurança.
Numa perspectiva prática, o educando adulto já traz consigo ideais conceituados e inúmeras experiências de vida, diferente da condição de criança, porém, ainda necessita e requer muita atenção e carinho, pois esta relação acolhedora produz um sentimento de pertencimento ao que se propõe, e serve de incentivo para a permanência destes educandos na escola. Conforme Mosquera (1976) revela que, “a união entre a vida emocional e a intelectiva é algo sumamente importante e chamaríamos a atenção de que o ser humano age como um todo. Hoje temos maior consistência desta afirmativa, porque somos conscientes dessa unidade e complexidade, que conformam o ser humano”.
De tal forma que se o professor não objetivar estabelecer uma relação afetiva com os educandos, pode até conseguir transmitir conteúdos/informações, no entanto, será sempre incompleto no quesito: eficácia do ensino, pois este não envolvimento com o educando inviabiliza a concretização da aprendizagem, corroborando para a importância da afetividade como instrumento inerente a prática pedagógica. CODO & GAZZOTTI (1999) nos diz que: “todo trabalho envolve algum investimento afetivo por parte do trabalhador, quer seja na relação estabelecida com outros, quer mesmo na relação estabelecida com o produto do trabalho”. No entanto, em se tratando do papel do professor, a relação afetiva poder-se-ia se dizer que é algo obrigatório para o próprio exercício do trabalho, a fim de atingir os objetivos. Ainda que reconheçamos as funções atribuídas ao professor, que são geralmente de caráter objetivo, tendo prazos para cumprir, estrutura curricular a seguir, tendo que estruturar seu trabalho independente do investimento afetivo, conclui-se que, no momento que se propõe a ensinar e o educando a aprender ocorrerá, de certa forma, algum tipo de estabelecimento de laços afetivos, propiciando então, uma troca entre os dois, que contribua na demonstração de atenção e interesse do educando para o conhecimento proposto. 
Contudo, por mais que pareça idealismo crer na possibilidade de propostas pedagógicas alicerçadas na afetividade, que levem em conta as características e necessidades individuais, interesses e condições de vida e trabalho, faz-se necessário continuar acreditando e buscando formas de adequar a escola e o trabalho do professor às necessidades daqueles que recorrem ao ensino de jovens e adultos para crescerem, evoluírem e se reencontrar como agente ativos de aprendizagem. 


REFERÊNCIAS 


CODO, Wanderley (Coordenador). Educação: carinho e trabalho. Petrópolis, RJ: 3ª Edição. Ed. Vozes. Brasília: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação: Universidade de Brasília. Laboratório de Psicologia do Trabalho, 1999.
DONADON, Daniela Gobbo; LEITE, Sergio Antonio da Silva. Educação de Jovens e Adultos: as dimensões afetivas na mediação pedagógica. Disponível em: http://www.alb.com.br/anais17/txtcompletos/sem02/COLE_984.pdf. Acesso em 19 ago 2010.

FREIRE, Paulo. 1986. Carta a uma alfabetizadora - Fascículo - Vereda - São Paulo. ___________. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 16. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002 ___________. Política e Educação: ensaios. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2001 (Coleção Questões de nossa época; v. 23) GADOTTI, Moacir ; ROMÃO, José E. (Orgs). Educação de jovens e adultos: teoria, prática e proposta. 11.ed. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2010. (Guia da escola cidadã; v.5)