Vamos refletir foi uma escrita elaborada com o objetivo de trazer reflexões sobre o saber ouvir as crianças, sem impor nossa linguagem que julgamos corretas do mundo dos adultos. O ouvir desacelerado, saber perguntar e ouvir as respostas proporciona ao aluno descobrir, formular hipóteses contextualizadas e completa.
Ao assistirmos o vídeo intitulado Filosofia da Educação - Complexidade e Interdisciplinaridade (2/2) do antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin, https://youtu.be/QyVw29eczIo, podemos fazer uma analogia para a importância de saber ouvir a criança, conseguiremos entender os caminhos que elas percorrem para elaborar seu conhecimento/sentimentos, logo elaborando um raciocínio organizado, sequenciado e complexo, este último, no sentido de relacionamento entre si.
Quando exercemos a escuta com nossos alunos, estamos disponibilizando o surgimento de algo novo para ambos, em especial para a criança que sentirá compreendida. Esse saber escutar a criança vai trazer qualidade para a relação entre professor e aluno, possibilitando descobrir a individualidade de cada um e como podemos elaborar o caminho prazeroso para o seu conhecimento.
Como exemplo da importância dessa comunicação, ou o que ela (criança) tenta nos dizer, trago a história de uma aluna chamada Alice de um ano e meio. Alice falava pouco até meados do ano. De repente começou a falar somente uma frase repetidas vezes durante o sua estádia na escola, mas isso, geralmente, acontecia nos primeiros dias da semana. Ao mesmo tempo que pronunciava a frase, que de inicio era incompreendida por nós, seus olhinhos enchiam de lágrimas e estendia seus bracinhos para o auto pedindo colo. Começamos a observar sua fala e o que queria nos dizer, até que conseguimos identificar duas palavras: "papa" seguida da palavra "aga".
Diante de tal apontamento indagamos a mãe se ela tinha conhecimento de tal atitude da filha. Para nossa surpresa a mesma afirmou que sim, nos contando o real significado da conduta da filha.
- Profê, ela quer dizer: Papai água, assim que ela chama o pai dela em casa. Porque o pai dela trabalha de salva vidas.
Ela nos disse que o pai da Alice é bombeiro e atua na praia como salva vidas. Ao término da temporada de verão retornou para Porto Alegre onde trabalha de segunda a sexta, voltando para casa somente nos finais de semana.
Compreendemos que Alice chorava pela ausência do pai e que, geralmente, no inicio da semana essa saudade era mais intensificada, pois passava o final de semana em contato com seu progenitor. Assim, ao darmos ouvidos para o que Alice estava nos dizendo identificamos a real causa de sua dor, ao mesmo tempo que propomos a ter um olhar mais afetuoso para ela nesses dias.
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