Os rumos da avaliação devem estar a serviço da implementação
dos apoios necessários ao progresso e ao sucesso de todos os alunos, bem como
para a melhoria das respostas educativas oferecidas no contexto educacional
escolar e, se possível, no familiar. É unânime a necessidade de ressignificar os procedimentos e
instrumentos de avaliação da aprendizagem em geral e os fins a que se destinam.
Destaca-se, ainda, a importância de contextualizar os procedimentos avaliativos
incluindo-se outras variáveis de análise, além daquelas referentes aos alunos,
apenas fica evidente a necessidade de se levar em consideração as
diferenças individuais, particularmente em se tratando de pessoas com
deficiências e com limitações decorrentes de condutas típicas de síndromes neurológicas,
psiquiátricas ou de quadros psicológicos graves, além daquelas pessoas que
apresentam altas habilidades/superdotação.
A tomada de decisões, indispensável, acerca do que é preciso
fazer para atender às necessidades identificadas, isto é, para construir
caminhos que permitam a remoção de barreiras para a aprendizagem, em outras palavras, a avaliação torna-se inclusiva, na
medida em que permite identificar necessidades dos alunos, de suas famílias,
das escolas e dos professores. Mas identificá-las, apenas, não basta. É preciso
construir propostas e tomar as providências que permitam, concretamente,
satisfazê-las e venha oferecer subsídios para a indicação dos apoios e
recursos pedagógicos contribuindo para a remoção das barreiras para a
aprendizagem e para a participação de todos os alunos.
A avaliação, definitivamente, há que servir para auxiliar e
orientar os educadores na tomada de decisões que contribuam para o
aprimoramento de respostas adequadas às necessidades dos alunos.
A ideia de que a avaliação é medida dos desempenhos dos
alunos está fortemente enraizada no imaginário dos educadores e dos aprendizes.
Tanto, que a presença de alunos com deficiências em turmas regulares faz com
que muitos professores, dentre outras inquietações que o trabalho com esses
educandos lhes acarretam, manifestem as dificuldades que sentem em “dar
provas”, corrigi-las e atribuir notas, usando os mesmos critérios que são
usados para os “outros” ditos normais.
Como a maioria das provas e exames
fundamentam-se em procedimentos estatísticos e se baseiam em comparações dos
avaliados entre si e/ou no julgamento do quanto a maioria dos alunos conseguiu
alcançar em determinados objetivos, esses procedimentos, consideradas as
verdadeiras finalidades da avaliação, pouco ou nada subsidiam na definição de
mudanças. A avaliação é um processo de coleta de dados com pelo
menos dois propósitos: identificar necessidades e tomar decisões, devem-se
analisar, permanentemente, todos os elementos constitutivos do processo de
ensino e de aprendizagem. Tal avaliação, pois, é um processo permanente e
contínuo, que deve ocorrer na escola, compartilhado por todos os que nela
atuam.
Um documento sobre avaliação comporta, pelo menos, duas
vertentes: uma delas (A) referente à remoção de barreiras para que a avaliação
possa ser repensada e realizada sob referenciais teórico-metodológicos
distintos dos que prevaleceram, até então. A outra (B) alusiva à tomada de
decisões quanto ao aprimoramento do fazer pedagógico, após a análise das
informações obtidas durante o processo avaliativo e com os dados analisados.
Saberes e práticas da inclusão : avaliação para
identificação das necessidades educacionais especiais. [2. ed.] / coordenação geral
SEESP/MEC. - Brasília : MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 92 p.
(Série : Saberes e práticas da inclusão) 1. Necessidades educacionais. 2. Aluno
portador de necessidades especiais. I. Brasil. Secretaria de Educação Especial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário