domingo, 15 de maio de 2016

BEBETECAS



Todo mundo sabe que ler é um hábito que se adquire ao longo da vida e que deve começar cedo. Quantas pessoas não tem gravada na memória uma bela história do tempo de criança? o escritor João Ubaldo Ribeiro conta na crônica Memórias de Livros que, desde pequeno convivia com as obras espalhadas por sua casa. "A ponto de passar tempos enormes com um deles abertos no colo, fingindo que estava lendo e, na verdade, se não me trai a memória, de certa forma lendo, porque quando havia figuras, eu inventava as historias que elas ilustravam e , ao olhar pra as letras, tinha a sensação de que entendia nelas o que inventara.

Em sua auto-biografia As Palavras, o filósofo francês Jean Paul Sartre revela que a hora da leitura tinha o cheiro de sua mãe, sabão e água de colônia. Sentado numa pequena cadeira de frente para ela,  o autor entrava num universo de fadas, bruxas e criaturas esquisitas.

Até pouco tempo atrás, acreditava-se que as crianças só começavam  a desenvolver a capacidade de representação do mundo por volta dos 2 anos de idade. Hoje, ninguém mais duvida de que, quanto mais cedo a leitura for introduzida nas vida dos pequenos, melhor, pois isso  faz com que eles aumentem o vocabulário e por volta dos 6 meses de idade, textos e ilustrações já são compreendidos como reproduções da realidade e do mundo simbólico. As crianças estabelecem essas relações muito rapidamente. E isso não significa roubar a infância, ao contrário, só aumenta a possibilidade de compreender o que acontece ao redor com mais propriedade, segundo as palavras de Silvana Augusto, selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10.

Quando o bebê ouve uma historia e tenta repetir as palavras, desenvolve também a linguagem oral e escrita, mesmo que ainda não saiba falar ou ler, como descreve João Ubaldo Ribeiro. A noção de causalidade e organização do tempo também são exploradas nessa situação. A médio prazo, crianças que ouviram  historias desde pequenas articulam melhor as palavras e adquirem vocabulário mais extenso, segundo Daniela Panutti, Psicóloga e Orientadora Pedagógica do Colégio Vera Cruz, em São Paulo.

A equipe docente deve ser preocupada em selecionar os livros, discutir os lançamentos, o papel das imagens e a importância da leitura no desenvolvimento humano - tudo para encontrar títulos instigantes, sem  lições de moral nem personagens estereotipados e com um final inusitado. Deixar o ambiente da Bebeteca aconchegante, as estantes na altura dos pequenos são um convite irresistível à leitura. Outra sugestão são as historias compartilhadas com as famílias é uma maneira de ampliar as oportunidades de leitura e estabelecer uma convivência saudável entre pais e filhos.



fonte de leitura Revista Nova Escola, outubro 2007 pg 114-116

2 comentários:

  1. Qual a tua vivência em relação à BEBETECA? Quais resultados pudestes observar?

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  2. Infelizmente não tive oportunidade de trabalhar com bebetecas, o intuito da postagem foi mencionar a importância da leitura para os bebês, o que vem de encontro com os temas abordados na interdisciplina de Literatura. A fonte foi citada como complemento de pesquisa.

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