sexta-feira, 22 de abril de 2016

ESCOLARIZAÇÃO DOMICILIAR




A revista Super interessante (julho 2015) abordou um tema que começaremos a discutir em breve, por isso fiz alguns apontamentos pertinentes a nossa profissão que logo chegará em nossas salas de aula. O artigo afirma que 2.500 famílias brasileiras e em  mais de 60 países dispensam a escola e optam por educar seu filhos em casa, através de um movimento chamado UNSCHOOLING (tradução livre significa DESCOLARIZAÇÃO. Entre vários posicionamentos favoráveis, estar a de um pai de uma criança de 8 anos que diz " nessa idade, o único compromisso de uma criança é brincar. Ela só aprende o que acha interessante". A cofundadora do Programa Famílias Educadoras, Patricia de Caire Sogayar, acena no mesmo sentido ao afirmar que " a descolarização não é apenas sair da escola, mas tirar a escola de dentro da gente"

A ideia central desse movimento, até então desconhecido para mim, se da a partir dos interesses e curiosidades da criança o seu currículo vai sendo montado, sem a ingerência de conteúdos pré estabelecidos e avaliações duvidosas como ocorre nas escolas atuais.

Já existe no Brasil a ANED  - Associação Nacional de Ensino Domiciliar, fundada em  2010, além de orientar famílias que desejam educar seus filhos dessa forma, ela pressiona o Congresso Nacional para aprovação do Projeto de Lei 3.179/12  que regulamenta a educação domiciliar no pais.

No Brasil, segundo o artigo da revista citada, há um caso de escolarizaçao domiciliar aprovado pela justiça na cidade de Maringá. Permitindo que o pedagogo Luiz Carlos Faria da Silva e sua esposa Dayane pudessem educar seus dois filhos, um de 16 e outro de 15, em casa, com  avaliações anuais e acompanhamento pedagógico e psicológico. No fim do ano passado, um dos filhos do  casal prestou o ENEM pontuou para obter o certificado do ensino médio e entrou em uma universidade.

Uma outra mãe procurou o Ministério Público,através de uma carta do qual argumenta que "o direito à escola não pode ser confundido com a imposição de frequência escolar",  o documento foi enviado a justiça com assinaturas de demais famílias com o intuito de criar jurisprudência ( decisões que servem pra orientar os juízes em casos que ainda não há decisões anteriores).

Enfim... a matéria traz diversos exemplos de sucessos desses alunos e o pesquisador André de Holanda Padilha Vieira, da Universidade de Brasilia (UNB), através de uma pesquisa concluiu que quase todos os pais-educadores são casados e tem escolaridades superior acima da média nacional.

A pedagoga da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) Luciane Diniz Barbosa defendeu em seu doutorado sobre o ensino domiciliar no Brasil, e após, acompanhar casos jurídicos no pais e compará-los as experiências internacionais apontou para algumas preocupações, como a não participação dos filhos na escolha de optar ou não em estudar em escola pública ou privada, ainda fez menção ao risco de conteúdos restritos. Também concluiu em sua pesquisa que boa parte dos pais em não matricular seus filhos numa instituição se deve a má experiência como estudantes ressaltando que a decisão deve partir dos filhos e teme que essa experiência potencialize o aprendizado de temas que interessem ao filhos. 

Indaga se no UNSCHOOLING os pais não estariam tolhendo ou limitando as possibilidades desses alunos? Sucinta  quanto a regulamentação, esta trará novos custos ao pais e o governo deve investir nesse novo meio de educar ou investir mais nas escola públicas?

Finalizo no sentido de que as crianças nos ensinam de forma natural, enquanto a escola adota princípios diferentes devido às dificuldades de ensinar quantidades enormes de crianças na mesma idade num ambiente coercivo. O ensino domestico é uma tentativa de seguir os princípios de aprendizagem natural e preservar a curiosidade da criança.

Penso que temos muito que aprender, não julgo errado essa forma de educação desde que legislada de forma coerente calcada em princípios sólidos. Talvez possamos ter um olhar desconfiado para essa modalidade, mas se fomos receptivo para conhecer e experimentar teremos opiniões atrativas e com argumentação fundada na experiência.

Quanto ao questionamento da pesquisadora citada no texto Luciane Diniz Barbosa não compartilho dessa dúvida, pois em qualquer âmbito escolar o professor deve sempre ter a preocupação em não limitar ou tolher uma  criança no seu processo de aprendizagem.



"Não acredito no currículo, não acredito em notas, não acredito em avaliações feitas por professores. Acredito em crianças aprendendo, com o nosso apoio e encorajamento, as coisas que elas querem aprender, quando as querem aprender, da forma como as querem aprender e porque as querem aprender." John Holt

3 comentários:

  1. Acredito que tirar a criança da escola não seria o mais apropriado, como disse um pai que a criança aprende o que tem interesse e por isso não precisaria ir para escola. Na escola junto com outros colegas o aluno tem a possibilidade de criar muito mais interesses do que em casa, além do conteúdo que é muito importante na escola criamos laços de amizade, aprendemos a socializar, dividir, a falar do que nos chamou atenção e compartilhar nossas descobertas. Esse assunto ainda terá muitas discussões, mas penso que o melhor ainda é todos na escola.

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  2. Sim, Letícia ainda compartilho dessa ideia, embora seja um assunto novo devemos debater para formar uma posição sólida, pois em breve essa discussão chegará para nos educadores. Confesso, até então, tinha desconhecimento dessa corrente de ensino atual e já polêmica.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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