A ideia central desse movimento, até então desconhecido para mim, se da a partir dos interesses e curiosidades da criança o seu currículo vai sendo montado, sem a ingerência de conteúdos pré estabelecidos e avaliações duvidosas como ocorre nas escolas atuais.
Já existe no Brasil a ANED - Associação Nacional de Ensino Domiciliar, fundada em 2010, além de orientar famílias que desejam educar seus filhos dessa forma, ela pressiona o Congresso Nacional para aprovação do Projeto de Lei 3.179/12 que regulamenta a educação domiciliar no pais.
No Brasil, segundo o artigo da revista citada, há um caso de escolarizaçao domiciliar aprovado pela justiça na cidade de Maringá. Permitindo que o pedagogo Luiz Carlos Faria da Silva e sua esposa Dayane pudessem educar seus dois filhos, um de 16 e outro de 15, em casa, com avaliações anuais e acompanhamento pedagógico e psicológico. No fim do ano passado, um dos filhos do casal prestou o ENEM pontuou para obter o certificado do ensino médio e entrou em uma universidade.
Uma outra mãe procurou o Ministério Público,através de uma carta do qual argumenta que "o direito à escola não pode ser confundido com a imposição de frequência escolar", o documento foi enviado a justiça com assinaturas de demais famílias com o intuito de criar jurisprudência ( decisões que servem pra orientar os juízes em casos que ainda não há decisões anteriores).
Enfim... a matéria traz diversos exemplos de sucessos desses alunos e o pesquisador André de Holanda Padilha Vieira, da Universidade de Brasilia (UNB), através de uma pesquisa concluiu que quase todos os pais-educadores são casados e tem escolaridades superior acima da média nacional.
A pedagoga da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) Luciane Diniz Barbosa defendeu em seu doutorado sobre o ensino domiciliar no Brasil, e após, acompanhar casos jurídicos no pais e compará-los as experiências internacionais apontou para algumas preocupações, como a não participação dos filhos na escolha de optar ou não em estudar em escola pública ou privada, ainda fez menção ao risco de conteúdos restritos. Também concluiu em sua pesquisa que boa parte dos pais em não matricular seus filhos numa instituição se deve a má experiência como estudantes ressaltando que a decisão deve partir dos filhos e teme que essa experiência potencialize o aprendizado de temas que interessem ao filhos.
Indaga se no UNSCHOOLING os pais não estariam tolhendo ou limitando as possibilidades desses alunos? Sucinta quanto a regulamentação, esta trará novos custos ao pais e o governo deve investir nesse novo meio de educar ou investir mais nas escola públicas?
Finalizo no sentido de que as crianças nos ensinam de forma natural, enquanto a escola adota princípios diferentes devido às dificuldades de ensinar quantidades enormes de crianças na mesma idade num ambiente coercivo. O ensino domestico é uma tentativa de seguir os princípios de aprendizagem natural e preservar a curiosidade da criança.
Penso que temos muito que aprender, não julgo errado essa forma de educação desde que legislada de forma coerente calcada em princípios sólidos. Talvez possamos ter um olhar desconfiado para essa modalidade, mas se fomos receptivo para conhecer e experimentar teremos opiniões atrativas e com argumentação fundada na experiência.
Quanto ao questionamento da pesquisadora citada no texto Luciane Diniz Barbosa não compartilho dessa dúvida, pois em qualquer âmbito escolar o professor deve sempre ter a preocupação em não limitar ou tolher uma criança no seu processo de aprendizagem.
"Não acredito no currículo, não acredito em notas, não acredito em avaliações feitas por professores. Acredito em crianças aprendendo, com o nosso apoio e encorajamento, as coisas que elas querem aprender, quando as querem aprender, da forma como as querem aprender e porque as querem aprender." John Holt