

A compreensão do que foi narrado acima veio com a leitura das Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico Raciais possibilitando um novo olhar mais sensibilizado para essa questão assistencialista por parte das famílias. Até pouco tempo fazíamos toda e qualquer tipo de higienização com os alunos, sob alegação que as crianças estavam naquele espaço para serem cuidadas, enquanto as progenitoras iam em busca de sustento.
Reafirmo que trata-se de um questão histórica e cultural na medida que lemos as Orientações, esta relata o surgimento abrigos, refúgios para crianças e filhas de mães operárias, nesse fase, por volta do século XVII e XVIII a infância passa ser considerada uma fase da vida que merece atenção e já no século XX, as instituições atendem às crianças como medida de saúde pública. Nessa época o discurso era em torno de educar para moralizar, civilizar e domesticar calcados em valores rígidos do cristianismo. Prevalecia igualmente a preocupação com o sono, higiene, alimentação e rotinas rígidas ( tal e qual a escola que descrevi acima). Eram consideradas um espaço de controle social e tinha como objetivo evitar a vadiagem e a delinquência infantil. As preocupações de caráter pedagógico e cognitivo estava a margem dessas escolas. Nota-se, desde então, que havia uma concepção de apenas cuidar vinculado à prática assistencialista que marcou as creches daquele período e ainda se encontra arraigada em muitas escolas infantis dos tempos atuais.
A mudança desse padrão educacional veio com os movimentos populares de luta por creches, exigindo do Estado a criação de redes públicas de Educação Infantil. Os governos municipais em conjunto com organizações de moradores, clubes de mães, associações de bairros implementam programas pré escolares.
Meados da década de 80 a infância é colocada na agenda pública e a criança passa a ser sujeito de direito. Áreas como saúde, bem estar social, Ministério Público, Conselhos Tutelares e Defesa dos Direitos da Criança passam a trabalhar em conjunto com a ideia de Criança Cidadã.


fonte: Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico Raciais, pg. 34-37
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