sexta-feira, 22 de junho de 2018

DÉCADA DE 80 E A TECNOLOGIA DISPONÍVEL


 Minha vida escolar teve início  na década de 80 com  recursos pedagógicos escassos em que praticamente todas nós possuíamos as mesmas coisas. Fomos educadas basicamente com lápis, caderno, borracha, livros, quadro negro e giz.
Uma vez por mês recebíamos folhas mimeografadas para realização das provas. Nosso material escolar resumia-se apenas na mochila que tinha que durar pelo menos três anos, o estojo, um ano letivo e só comprávamos cadernos, borrachas e lápis quando estes se  gastavam, contudo em nossos lares, o televisor,  nesta época ainda preto e branco, fazia parte da mobília da casa, onde por meio dele assistíamos desenhos animados. Somente anos depois, o televisor que transmitia imagem colorida, que até então era luxo para poucos, substituiu aquela tela de 14¨ de tubo amarelo, e botão de girar que fazia parte da mobília de nossas residências.   
Regressamos à escola dos anos 80 marcada pela transição de educação em massa, embora o  consumo começasse a ser mais fácil, alguns itens eram espartanos e quem tinha a palavra final era os pais e os professores.
É fato que a tecnologia evoluiu em uma velocidade alarmante quando comparada a outros aspectos de nossas vidas e no planeta, porém com dificuldades de dimensionamento, leia-se no sentido de acessibilidade e aplicabilidade no contexto educacional.
Conforme Pretto;
São muitas as tentativas de sistematização da evolução científica e tecnológica no mundo das comunicações. A invenção do transistor e o conseqüente desenvolvimento dos sistemas computacionais são sempre apontados como marcos importantes neste universo.(1996)
A chave para abrir esse mundo contemporâneo nos foi apresentada nas décadas seguintes com o ingresso na faculdade, onde a internet passa a fazer parte da realidade do mundo acadêmico e, rapidamente vai se despontando  como elemento de conexão indispensável  na  produção de conhecimentos e cultura.

No entanto, conforme referenciado por Pretto[1],
[...] a pura e simples introdução destas tecnologias não é garantia desta transformação. Esta introdução é, portanto, uma condição necessária mas não suficiente para que tenhamos um sistema educacional compatível com o momento histórico. Desta forma, introduzir estas tecnologias exige compreender de forma mais ampla a necessidade de fortalecer os nós - as unidades escolares que por sua vez articulam-se intensamente com os valores locais - de tal forma a dar maior visibilidade aos nós desta rede, aumentando concomitantemente a conectividade entre estes nós, estabelecendo-se com isso as rede de conexões [...] (1996)

Nossa educação ainda é centrada em velhos paradigmas e incompatíveis com o momento histórico. Quando falo em “velhos” paradigmas me referido a três grandes falácias que, [...] como afirmou Emilia Ferreiro para a Revista TV Escola. Segundo ela, insistimos ainda que a aprendizagem deve se dar sempre do concreto para o abstrato, do próximo para o distante e do fácil para o difícil (MEC 1996). (PRETTO, 1996)
O resultado desse pensamento será refletido nas dificuldades de compreender as transformações contemporâneas sinalizadas em todas as áreas: trabalho, lazer, social e educacional. Ignorar tal realidade é desconhecer as transformações  e necessidades de nossos jovens e adolescentes.
Para Pretto;
Precisamos compreender mais de que forma esta geração X (novas tribos) convive simultaneamente com os vídeo-games, televisões, Internet, esportes radicais, tudo simultaneamente, de forma múltipla e fragmentada, tudo ao mesmo tempo. Esta geração já relaciona-se com as novas medias de forma diversa e já existem sinais de um novo processo de produção de conhecimento, ainda desconhecido pela escola. (1996)

As tecnologias transitam em nossas realidades da mais diferentes formas, embora desconhecida ou ignorada pelas escolas, fato que mediante todos os avanços, esta continua a enfatizar apenas a formação de mão de obra, porém este conceito está mudando.
Até aqui conseguimos dois pontos importantes. Primeiro que as transformações do sistema educacional passa obrigatoriamente pela metamorfose dos professores com formação pedagógicas condizentes com o contexto histórico, segundo maior interação entre os mundos da comunicação e informação com a educação , haja visto, que há grande distâncias entre os dois primeiros com o processo educacional em nosso país, onde a desigualdade social é acentuada.
Retomando a questão da mão de obra temos que pensar que tecnologia de ponta não se faz com mão de obra barata, esse apontamento nos faz pensar que a desqualificação do sistema educacional (professores e alunos) seja unicamente interesses de manobras e conchavos políticos. Necessariamente temos que considerar como fundamental a introdução das tecnologias e informações nos processos de ensino aprendizagem.
A introdução por si só não basta é necessário compreender a sua  real necessidade de forma ampla – instalações satisfatórias e profissionais treinados para o processo coletivo de produção de conhecimento.
A escola, conectada, interligada, integrada, articulada com o conjunto da rede, passa a ser mais um elemento vital deste processo coletivo de produção de conhecimento. Nesta navegação, portanto, percorremos caminhos ilimitados, sem fronteiras. (PRETTO, 1996)

Para temos uma modernização do sistema é mister uma transformação profunda em todos os setores em engloba a sociedade com implantações de políticas condizentes com as transformações da sociedade.


Referências:

PRETTO. N. Educação e inovação tecnológica: um olhar sobre as políticas públicas brasileiras. FACED/UFBA. 1996 Disponíveis em < https://www2.ufba.br/~pretto/textos/rbe11.htm > acesso em 06 de maio 2018.





[1] Nelson Pretto é professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia. Doutor em Comunicação pela USP (1994). E.mail: pretto@ufba.brHome-page: http://www.ufba.br/~pretto Fax: + 55 (0)71 235 2228

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