terça-feira, 17 de outubro de 2017

O MENINO NITO - MENINO PODE CHORAR?

  



Sinopse:   historia de um menino cujo o pai o proíbe de chorar sob a alegação que homem não chora. Nito se torna uma criança triste e adoece de tanto engolir o choro. O menino é levado ao médico e este o aconselha a “desachorar”.


Descrição da atividade: os alunos do Pré I A foram convidados a sentarem em roda para discutirmos uma pergunta lançada para eles: menino pode chorar?
Após assistir o filme e ouvir diversas repostas registramos algumas falas onde a maioria afirmava negativamente.

Menino não chora por que ele é macho!
Não pode chorar, só quando apanha!
Se eu não chorar eu ganho carrinho!
Eu choro. O menino parou de chorar porque ele era forte!


 Retomamos a discussão com o intuito de analisar se houve troca de opiniões entre os alunos, após serem registradas, convidei meninas e meninos para se vestir e brincar do sexo oposto. As meninas demonstraram alegria e espanto, enquanto dois meninos apenas aceitaram a brincadeira. O primeiro garoto se vestiu, maquiou e brincou muito a  vontade, o segundo apenas se limitou em vestir-se de menina, mas recusou em fazer pinturas no rosto.

O Objetivo da atividade  era  fazer uma abordagem positiva e discreta ao tema lançado para a  turma: Menino pode chorar? Duas crianças foram destaques na abordagem suscitada. a primeira filho de pais casados e a cultura machista fortemente presente na vida  familiar. A mãe, de acordo com relatos do filho em sala de aula, é retratada em casa como medrosa, chorona e muito brava. Ele e o pai  fazem brincadeiras de sustos e preconceituosas colocando a progenitora na figura de fragilidade. Essa mesma criança a qual iremos denominar de “A” foi muito enfática que homem não chora, não gosta de meninos de brincos e tivesse um amigo de cabelos cumpridos não brincaria com o mesmo, pois segundo suas palavras, tudo isso é coisa de menina. Mesmo após varias colocações de outros colegas , o menino “A” continuou com seu posicionamento.

O segundo o qual será denominado “K” apresentou um comportamento inverso de “A”, aquele totalmente a vontade na atividade mencionando que ser menina era também muito legal. Essa criança é  criado apenas com a figura materna, onde a mãe é a única referência e tida como seu apoio e escudo.


Por meio de uma escuta sensível busquei compreender a historia de vida dessas crianças e entender porque para um os valores e preconceitos são tão arraigados, ao passo que para o segundo a questão é vista como  normal e sem levantar questionamentos preconceituosos. A criança por natureza sente e pensa o mundo de um jeito próprio, são os adultos que interferem nesse processo ofertando a elas, crianças, características, falas e exemplos que desvalorizam o próximo socialmente. Os preconceitos muitas vezes  é oriundo da cultura  familiar que possui valores preconcebidos. Aponto no sentido que é possível mudar essa realidade por duas vertentes: a primeira diz respeito ao processo de aprendizagem que ocorre por toda a vida, sempre se aprende sobre varias coisas, espaços e ambientes oportunizando a todos reavaliar seus conceitos. A segunda solução encontra-se no âmbito escolar, dependendo como é tratada a questão da diversidade, a escola pode auxiliar as crianças a valorizar sua cultura, seu corpo, seu jeito de ser. Contudo, a prerrogativa no âmbito escolar ainda encontra-se truncada, na medida que muitas escolas não possui a temática das relações étnicos raciais nos seus projetos pedagógicos, e, como citado nas  Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico Raciais. 

"... o tema trabalhado permanentemente e nessa perspectiva é possível criar condições para que não mais ocorram intervenções meramente pontuais, para resolver  problemas  que surgem no dia a dia relacionados ao racismo. Aos poucos, o respeito à diversidade será um principio  das instituições e de todas as pessoas que nela atuam." 

fontes:

Rosa, Sonia. O MENINO NITO.
 Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico Raciais, página 168. 


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