domingo, 8 de outubro de 2017

EXPERIÊNCIAS


Semestre anterior falamos sobre o professor reflexivo e sua importância de auto  analisasse  enquanto educadores. Por coincidência tive a oportunidade de aprofundar a leitura com outro texto  do professor e doutor em pedagogia pela Universidade de Barcelona, Espanha BONDÍA Jorge Larrosa , no qual menciona o valor de sermos reflexivos, bem  como do valor das experiências e o tempo para podemos acomodá-las. Conforme afirma Bondía "a palavra experiência que vem do latim experiri, provar (experimentar)", logo ela é um encontro  ou uma relação com que se experimenta . Ao fazermos experiências, seja ela enquanto professor, observador, cidadão ou mera curiosidade significa que algo nos acontecerá, nos apoderá e indubitavelmente nos tombará e nos transformará. E essa capacidade de formação ou de transformação, que é outro componente  da experiência,  nos forma e nos transforma, somente  sujeito da experiência está aberto à sua própria transformação.

Contudo tais benefícios não vem acompanhado de êxito apenas, faz-se necessário apontar outros questionamentos oriundos da velocidade da atualidade. Em primeiro lugar pelo excesso de informação, a segunda não é experiência, mais, a informação não deixa lugar para a experiência, ao contrário, uma antiexperiência. O papel primordial dela é cancelar nossas possibilidades de experimentar. Quer dizer, um sujeito fabricado e manipulado sob a égide da informação e da opinião, será cidadão incapaz de experienciar. E, esta é  cada vez mais por excesso de opinião, algo imperativo, pois passamos a  vida opinando sobre qualquer coisa e sobre algo que nos sentimos informados, e se alguém não tem opinião olhamos como falho e algo lhe faltando.

Como percalços das nossas experiências cito os excessos de informações, as enxurradas de opiniões e os experimentos cada vez mais raros, por falta de tempo, isso mesmo,  tudo se passa demasiadamente depressa, fugaz e substituído por outro estímulo ou por outra excitação igualmente fugaz e efêmera. Somos consumidores, assim como nossos alunos, vorazes e insaciáveis de noticias, novidades. Tudo nos agita, excita, choca, mas nada nos acontece. Na educação a falta de silêncio, memória e tempo para acomodar e deliciar as experiências são inimigas mortais do tema aqui proposto.

Concluo que o sujeito da experiência se define não por sua atividade, mas por sua passividade, receptividade, disponibilidade, e mais importante ao meu ver, sua abertura como  território de passagem sensível ao acontecimento e que de algum modo o afetará e produzirá alguns vestígios ou efeitos.

fonte: BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Tradução de João Wanderley Geraldi, ,Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Linguística,  Revista Brasileira de Educação, Jan/Fev/Mar/Abr 2002, pág. 20-28, n°. 19

2 comentários:

  1. Oi Lisiane,
    Este texto do Jorge Larrosa é maravilhoso! Suas reflexões são bem importantes sobre o texto! É preciso que estejamos abertos a experienciar e possibilidade de nos deixar tocar e fazer transformações. Observe, quantas experiências te transformaram na profissional que é hoje?!
    Abraço, tutora Tais

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  2. Intocáveis modificações, em especial, na minha conduta. A todo momento me vejo questionando e mudando minhas posições quanto ao dia a dia escolar. Posso pontuar que a afetividade fez toda diferença na lida com meus alunos, conhecer a historia individual de cada um me fez ter um olhar acolhedor para com eles. O conhecimento adquirido na faculdade proporcionaram novas experiencias com meus alunos, além do reconhecimento profissional no ambiente escolar.

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